sábado, 5 de abril de 2014

FALLE COMNOSCO ARROBA CORRECTOR ORTHOGRAPHICO [ABRIL/2014]

Questões enviadas a mattosog@gmail.com por Pedro da Silva Coelho, de
Portugal:


(1) Pedro considera, apoiado (ou APPOIADO, como elle sustenta) em boa
fundamentação, que o prefixo latino "AD" seja preservado em verbos como
ADNEXAR, ADNOTAR ou ADNUMERAR, bem como nos substantivos ADJUDA e
ADQUISIÇÃO.


(2) Pedro aponcta no substantivo MODELLO um duplo "L" existente no latim
vulgar MODELLUM, cujo equivalente italiano manteve a geminação, e indaga
por que graphei "MODELO".


(3) Pedro indaga por que não grapho AMAL-O-HEI ou COMEL-O-HIA e sim
AMAL-O-EI e COMEL-O-IA nas conjugações mesocliticas, ja que o "H" não
deveria cahir do verbo HAVER implicito nas mesoclises.


Respondo nestes termos:


O prefixo "AD" soffre assimilação deante de pospositivos iniciados pela
consoante "N", como em ANNEXAR e ANNOTAR. Pelas normas do proprio latim,
a assimilação não occorre deante das consoantes "M" ou "J", por exemplo.
Dahi a razão para não existirem os verbos "AMMIRAR" ou "AMMINISTRAR" e
sim ADMIRAR e ADMINISTRAR. No caso da lettra "J", seriam acceitaveis as
formas ADJUDA e ADJUDANTE (ja que existe ADJUTORIO) ou ADJUNCTAR (ja que
existe ADJUNCTO), ao lado de AJUDA e AJUNCTAR. Quanto às formas
ADNUMERAR e ADQUISIÇÃO, são casos à parte. Como não tem uso o verbo
ANNUMERAR (que na graphia phonetica viraria "ANUMERAR"), prevalesce o
"D", inclusive na pronuncia. E como não existe geminação do "Q" que
permitta a forma "AQQUISIÇÃO", convencionou-se que o digramma "CQ"
substitue a geminação. Assim, do verbo ADQUIRIR (cujo "D" se pronuncia)
vem o deverbal ACQUISIÇÃO.


Quanto ao verbo APPOIAR e ao deverbal APPOIO, a assimilação é acceitavel
por resultar do encontro AD+PODIUM, que deu APPODIARE. Conforme a
tabella do DICCIONARIO ORTHOGRAPHICO, AD+P = APP.


Algumas palavras terminadas em ELLO ou ELLA nos veem do italiano, como
POLICHINELLO e SENTINELLA, sem necessidade da authenticação latina. Mas,
quando a matriz latina, embora vulgar, ja registra o duplo "L", nada
resta a questionar. Assim como PELLO, PULLO ou PASTELLARIA, de PILLUS,
PULLARE e PASTELLUM, respectivamente, sem duvida acceito MODELLO, de
MODELLUM. Si graphei com um só "L", foi cochilo.


Quanto ao desapparecimento do "H" nas mesoclises, transcrevo trecho do
MANUAL ORTHOGRAPHICO BRASILEIRO de Julio Nogueira, com quem concordo
neste poncto:


{Nas formas do futuro: AMAREI, CANTAREI, DEVEREI, SENTIREI, POREI,
FAREI, DIREI, TRAREI, etc., é o verbo HAVER agglutinado, nas suas
linguagens contractas, despido do "H" etymologico, como em outras
linguas romanicas. Escrevendo-se AMAREI, AMARIA, não deve haver
escrupulos em escrever-se: AMAL-O-EI, AMAL-O-IA, AMAL-O-EMOS,
AMAL-O-IAMOS, etc. Ninguem escreve AMARHEI, AMARHIA mas alguns apegam-se
ao "H" nos casos de tmese: AMAL-O-HEI, DIL-O-HIA, etc., graphias pouco
coherentes e que tendem a desapparecer espontaneamente.}


Questão enviada a mattosog@gmail.com por Moysés Greenbaum, que usa o
appellido de Berimbaum:


"Diga-me, Glauco, você não acha incoherente que pela orthographia
official se escreva EXCEÇÃO ao lado de EXCEPCIONAL? Como se explica
isso?"


Respondo nestes termos:


Sim, Berimbaum, essa é uma das innumeras incoherencias decorrentes das
reformas phoneticistas. Allegando que a lettra "P" não se pronuncia nas
palavras "EXCEÇÃO" e "EXCETO", grapham EXCEPCIONAL, mas manteem o "P"
nos cognatos CONCEPÇÃO, DECEPÇÃO, PERCEPÇÃO e RECEPÇÃO. O peor é que em
Portugal ja se grapha "RECEÇÃO", que na prosodia se confunde com
RECESSÃO! Daqui a pouco vão querer graphar, por aqui tambem, "CONCEÇÃO"
e "DECEÇÃO", o que me deixaria decepcionado. Mas para nós,
etymologistas, tal concepção não tem cabimento e não faremos tal
concessão, não é mesmo?


Envie sua questão a mattosog@gmail.com ou seu pedido para receber uma
copia digital do DICCIONARIO ORTHOGRAPHICO de Glauco Mattoso.


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