sábado, 15 de novembro de 2014

NOVEMBRO/2014: PINGOS PONCTUAES


Pergunta de Carlos Solano Passos: "Por que você diz que a lettra "I" é
uma das trez vogaes que jamais devem levar accento? Nesse caso, como
differenciar, do verbo CAHIR, a primeira pessoa do preterito e a
terceira do presente?"


Na verdade, melhor seria que nenhuma das seis vogaes levasse accento. No
caso do "I", fica ainda mais absurdo substituir um pingo por um agudo. O
exemplo que você apponcta só crearia duvida na orthographia reformada.
Na forma classica, as respectivas pessoas são graphadas assim: "eu cahi"
e "elle cae", não havendo, portanto, confusão alguma.


Pergunta de Francisco Ribeiro: "Por que você escreve ADDOESCER com "D"
duplo e ADOLESCENTE sem duplicar?"


Porque o latim ADDOLESCERE se compõe de AD+D e ADOLESCERE se compõe de
AD+O. O mesmo occorre com ADDOÇAR [AD+D] e ADOPTAR [AD+O], por exemplo.


Pergunta de Heitor Ferreira: "Não seria uma boa iniciativa crear um
corrector orthographico para algum processador de texto e/ou navegador?"


Sim, seria uma optima iniciativa. Si eu não fosse cego e meu computador
fallante não fosse tão limitado, talvez emprehendesse a tarefa de crear
tal ferramenta. Por emquanto dependo de terceiros para isso e outras
coisas, mas o diccionario eu consigo editar e actualizar sozinho. Segue
uma copia por email. Grato pelo interesse e um abbraço do GLAUCO


Pergunta de Alberto Medeiros da Cunha (que se cognomina "Al Cunha"):
"Glauco, você insiste em exemplificar que escreve HAVER e REHAVER,
HERDEIRO e COHERDEIRO, HYDRATAR e DESHYDRATAR, HOMEM e SUPERHOMEM,
HUMANO e SUBHUMANO. Insiste que, si os phoneticistas fossem convictos e
coherentes, deveriam escrever AVER e REAVER, ERDEIRO e COERDEIRO,
IDRATAR e DESIDRATAR, OMEM e SUPEROMEM, UMANO e SUBUMANO. Agora paresce
que alguns delles estão querendo abolir o 'H' para, digamos,
'simplificar' um tantinho a reforma. O que você acha?"


Sempre achei que esses reformistas não passam dum bando de
bundas-molles. Si tivessem colhão, ja estariam graphando AVER, ERÓI,
INO, ONRA e UMOR ha muito tempo, em logar de HAVER, HEROE, HYMNO, HONRA
e HUMOR, como eu grapho. Ou seja, ja teriam se posicionado em sentido
ainda mais opposto ao meu, o que deixaria as coisas mais claras. No
entanto, continuam cheios de dedos. Problema delles. Para nós,
etymologistas, o que interessa é conciliar a coherencia à tradição
escripta, equiparando, por exemplo, HOJE e HONTEM, ou HIBERNAÇÃO e
HINVERNO. Quem estiver commigo não precisa abolir nada. Precisa é
addicionar mais lettras, no que for possivel.


Pergunta de Geraldo de Castro Filho: "Mesmo antes das reformas ja se
escrevia SANTO em vez de SANCTO. Por que isso?"


Por causa das incoherencias do systema mixto então vigente, lembrando
que não havia lei que regulasse a escripta, só havia a informalidade
costumeira. O proprio Aulete incorria nessas incoherencias, pois
registra SANTIFICAR ao lado de SANCCIONAR, quando o correcto seria
SANCTIFICAR. Esse é um dos casos em que o costume não embasa a regra.
Aqui entra o etymologista para repor as coisas no devido logar: SANCTO,
SANCTIFICAR; SANCÇÃO, SANCCIONAR.


Pergunta de Lucia Alvarenga: "Si a regra tradicional manda usar 'Z' em
vez de 'S' no final de palavras como LUIZ ou SATANAZ, por que você
acceita como excepções nomes do typo JESUS, PARIS ou MOYSÉS?"


Justamente por serem casos especificos, que ja trazem o "S" na origem.
Ainda assim, Julio Nogueira recommenda PARIZ e segue criterio mais
uniforme. O importante é conferir a tradição escripta. Em nenhuma biblia
prequarentista, por exemplo, você acharia a forma JESUZ, mas certamente
SATANAZ está presente em todos os textos theologicos. Portanto, não
caiamos na temptação de forçar a barra, cara Lucia.


Envie sua questão a mattosog@gmail.com ou seu pedido para receber uma
copia digital do DICCIONARIO ORTHOGRAPHICO de Glauco Mattoso.


///