Instado por um leitor deste blog de notas, respondo sobre uma
interessante particularidade na assimilação duma consoante final de
prefixo pela inicial do morphema pospositivo. Tracta-se do prefixo INTER
deante de palavra iniciada por "L". O leitor me questiona si, tal como
occorre com INTELLIGIR (INTER+LIGIR), não caberia o mesmo em relação a
INTERLIGAR ou INTERLOCUTOR. De facto, coherentemente com COLLIGIR e
COLLIGAR (CON+L), haveria logica nessa assimilação que, entretanto, só
occorre nos cognatos de INTELLIGIR, como INTELLIGENCIA ou INTELLECTO.
Não convem generalizar aquillo que no proprio latim paresce ser
excepção, ja que, para INTERLOCUTOR, a matriz latina seria INTERLOCUTUS,
de INTERLOQUOR. Portanto, acho "forçação de barra" escrevermos
INTELLIGAÇÃO ou INTELLOCUÇÃO, embora sejam correctas as formas
COLLIGAÇÃO e COLLOQUIO.
Outro leitor colloca uma questão absolutamente nova: sahiu nos States a
designação scientifica para enquadrar tanta gente dependente do cellular
a poncto de não conseguirem ficar sem olhar para elle siquer por alguns
minutos. Essa especie de "syndrome de abstinencia" ou de vicio
technologico ja tem nome: NOMOPHOBIA. Succede que, pelas praxes da
composição classica, o correcto é cunhar termos scientificos só com
elementos gregos. Assim, para compormos um neologismo allusivo a alguma
phobia que se queira baptizar, teriamos que achar o equivalente grego
para aquillo de que temos medo ou adversão. No caso, o que ja existe no
grego é NOMO, porem com dois significados distinctos. Vejam como esse
graphema apparesce no meu DICCIONARIO ORTHOGRAPHICO:
+NOMO+ [+NOMIA+] (1) "lei", "territorio" em NOMOGRAPHIA, AUTONOMIA
+NOMO+ (2) "pastagem" em NOMOPHYTA
Ora, pergunta meu leitor, que é que isso tem a ver com aquella compulsão
dos portadores dos taes apparelhinhos de telephonia movel, que ja
viraram minicomputadores portateis? O problema é que os americanos teem
mania de truncar quaesquer palavras, na ansia de abbreviar termos muito
correntes ou de uso commercial, tal como fizeram com HI-FI (HIGH
FIDELITY) ou WI-FI (WIRELESS FIDELITY), pouco se importando si as
palavras são cortadas sem deixar syllabas ou mesmo phonemas inteiros.
Dahi que, para a expressão "NO MOBILE" (privação do cellular), não
hesitaram e crearam "NO-MO", donde NOMOPHOBIA. Uma barbaridade, em
termos de respeito à etymologia, mas que paresce natural para os
psychologos que diagnosticam o tal disturbio de comportamento em cada
vez mais pacientes. Fazer o que? A mim cumpre registrar o neologismo e
convidar nossos companheiros de etymologismo à reflexão. E ahi,
twitteiros? Acham vocês que são todos nomophobicos? Ou conseguem deixar
de lado o tal equipamento vital para uma virtual pausa meditativa?
Emquanto vocês pensam, aqui deixo o link para meu menu na nuvem, onde
podem achar o DICCIONARIO e outras obras de eventual interesse.
https://www.dropbox.com/sh/m8jq3615v16g2zt/AACEKn9GzBQUpQmyutQU6Bnha?dl=0
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Glauco Mattoso, o verdadeiro deffensor da lingua portugueza.
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